As crianças e as tecnologias

Hoje fui abordado por alunos do Colégio Damas do Recife sobre o tema do uso de novas tecnologias no ensino. Reproduzo abaixo as respostas, pois creio podem ser de utilidade para mais pessoas.

Qual a disciplina que o senhor leciona? (para citarmos na matéria)

Interação Humano Computador, no curso de Graduação em Ciência da Computação da UFPE

  1. O que você acha sobre as crianças estarem dominando, cada vez mais cedo, o uso de smartfones, tablets e aplicativos?
    • Vejo como um fenômeno natural de adaptação dos indivíduos aos meio no qual nascem e vivem. Os artefatos tecnológicos são produtos de nossa cultura. Um dos papeis da família é o de promover nossa socialização. O papel da escola é o de provocar nosso desenvolvimento. O mundo ocidental está cada dia mais complexo e as competências para atuar no mundo envolvem o uso intenso de tecnologias. Portanto, o fato de as crianças estarem usando cada vez mais cedo é algo natural em resposta às novas necessidades de adaptação dos mesmos ao mundo. Recentemente a unesco declarou durante o APEC Education Reform Symposium in Xi’an, China as quatro competências para o milenio: regular o seu aprendizado, trabalhar em equipe, resolver problemas e aprender ao longo da vida. Todas essas competências envolvem o uso intenso de tecnologias. Ou seja, para um cidadão do século XXI, aprender a usar tecnologia é fundamental para sua vida adulta.
  2. O tablet estimula a criança de alguma forma?
    • O objeto tablet por si não é capaz de fazer isso. Apenas um professor pode criar a situação didática adequada que pode incluir o uso de um tablet para provocar o desenvolvimento das crianças; esse é o papel social da escola.
  3. Quais as vantagens de introduzir essas tecnologias desde cedo na vida das crianças?
    • Assim fazendo, os adultos estão apenas proporcionando a assimilação das crianças desses aspectos da cultura contemporânea. Claro que não pode ser apenas mostrando e aprendendo a usar os objetos tecnológicos. É necessário ter um foco no desenvolvimento de competências amplas e duradouras que serão necessárias para os jovens em sua vida adulta. A escola precisa provocar o desenvolvimento dessas competências supra referidas.
  4. Você acredita que as crianças estão procurando jogos educativos?
    • Sim, as pessoas da Geração Y apreciam a diversão. Esse fenômenos ocorreu porque essa geração tinha acesso a muitos jogos desde os primeiros anos de vida. A tecnologia provoca essa pressão na cultura e as pessoas são fruto do meio. Hoje, essa geração, dos nascidos a partir de 1985, valorizam experiências divertidas.
  5. Qual a faixa etária com a qual vocês (da universidade) focam no momento de produzir um jogo?
    • Não há faixa etária para iniciar a produção de um jogo. Hoje crianças de 12 ou 13 anos já são empreendedores no setor. Toas as ferramentas e conhecimentos necessários já estão amplamente acessíveis na Internet. Qualquer pessoa pode iniciar uma carreira a qualquer momento. É como ser cantor, músico, bailarina…
  6. Existe aguma pesquisa sobre jogos que possa ser benéficos às crianças?
    • Muitos estudos apontam que o uso de jogos podem ajudar no processo de aprendizagem. O que ocorre, é que quando um professor usa tecnologias para ensinar, ele cria uma maior variedade de situações didáticas para ensinar um mesmo conceito e por isso promover uma melhor assimilação. Não são os jogos que promovem isso, mas o professor, ao criar situações complementares de ensino com variadas formas de mídias.
  7. Quais as prossibilidades geradas por estas novas tecnologias que podem estimular a criança, de alguma forma?
    • As novas tecnologias podem ajudar a criar situações de ensino que ajudar a construir as competências para a vida adulta e ao mesmo tempo divertidas. Por exemplo, a rede social educativa Redu, disponível em https://www.redu.com.br, permite criar um ambiente de colaboração divertida na qual os alunos resolvem problemas, trabalham em equipe, regulam seu aprendizado e assim desenvolvem competência para continuar aprendendo ao longo da vida. Recomendo conhecer e sugerir para seus professores.
  8. Quais os aplicativos que as crianças preferem?
    • Assim como tínhamos preferências por tipos específicos de brinquedos, somos seletivos na escolha de jogos e aplicativos. Cada faixa etária, personalidade ou gênero vai expressar sua preferência. Esse resposta é tão variada quanto a diversidade humana para o consumo.
  9. Que tipos de jogos são mais benéficos para as crianças?
    • Depende para que finalidade. Se estamos falando de um fim educativo, os melhores são os que ajudam a construir competências importantes para a vida adulta supra referidas.
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